LENDAS
Numa lapa situada no lugar do Poio estão escondidos um cálice e uma panela com oiro.
No sítio do moinho do Zé Paulino, no Chão das Pias, apareciam dantes fantasmas, os quais capeavam as pessoas eu por ali passavam à noite. As capas eram alternadamente brancas e pretas. Para os afugentar bastava arrancar do chão um pouco de pimenteira e atirá-la ao ar em pequenos pedaços e enquanto se mantinham naquela sub-área. Por isso a pimenteira numa medrava ali.
Nos Casais do Chão, no sítio do Terreiro da Balhadeira, apareciam dantes as bruxas a bailar. De noite, com luzes a apagar e a acender. De dia, em tempo de arco-íris, com roupas brancas estendidas. Que apareciam e desapareciam. Os rapazes solteiros chegaram lá a ir, mas os homens casados com mulheres novas evitam passar por lá, evitando saber o pior.
No sítio da Póvoa, bailavam as bruxas à meia noite, quando o luar estava entre nuvens. Os casados eram esmurrados, se por lá passassem os solteiros contavam os três. Uns e outros evitavam passar por lá.
Cerca de um quilómetro do lugar de Serro Ventoso, há uma fonte chamada “a Fonte da Cabra”, onde está enterrada uma cabra de oiro. Durante a noite vai ali beber o seu cabrito, também de oiro, o qual se ouve chorar como uma criança.
Na Azinhaga da Choisa Nova costumava aparecer aos transeuntes nocturnos uma mulher, a qual os acompanhava ao largo, silenciosa. Desaparecia algum tempo depois e era completamente inofensiva.
Numa Azinhaga situada entre o Vale da Bezerra e a Portela de Vale Espinho, caminhava certa noite um agricultor, seguindo à sua Frente um burro carregado de azeitona. Em determinado local o burro desapareceu de repente. Procurando-o toda a noite, deu com ele na manhã seguinte na Lapa da Boqueira.
Aos pastores do Mato Velho apareciam moiras que lhes pediam merendeiras sem sal, em troca de saquinhos com bolas pretas, quando aqueles apascentavam os rebanhos na Serra da Figueira. A bolinhas eram oiro encantado.
CURIOSIDADES
Pela Quaresma faziam-se contratos de amêndoas entre rapazes e raparigas. Em alguns lugares eram só ou entre rapazes ou entre raparigas. Consistia o contrato num certo número de amêndoas, que podia até não ser especificado, que um dos contratantes teria de pagar ao outro. Dois a dois e com os dedos mínimos enganchados, ritmavam com sacudidelas o seguinte recitativo: “Contrato, contrato, Contrato fazemos! Quando te mandar rezar, Rezemos!” Ganhava o elemento que, ao avistar o outro no Domingo de Páscoa, primeiro dissesse: “Reza!” Por vezes este costume levava a escondidas bizarras daqueles mais sovinas, os quais se mantinham escondidos nos palheiros ou nos choisos da serra, durante todo o dia de Páscoa! Actualmente este costume ainda permanece, embora já esteja a cair em desuso. Apesar de não existirem praticamente palheiros para os contratantes se esconderem ainda há, quem se esconda nas esquinas, no Domingo de Páscoa, para apanhar de surpresa o amigo(a) com quem fez o contrato.
Durante a Quaresma, grupos de rapazes percorriam a freguesia durante a noite, e parando junto de cada uma das casas, cantavam as “Almas Santas”. No fim da Quaresma percorriam de novo as casas a fim de recolherem as dádivas dos habitantes. Com o produto do Peditório eram depois mandadas rezar missas por intenção das Benditas Almas do Purgatório. Na porta cuja porta estava a ser cantada esta oração, a família se calava para ouvir em profundo respeito.
RECEITA
A “Carne à Lavrador” é um prato típico de Serro Ventoso, quando as esposas dos lavradores faziam o almoço em casa e iam levá-lo, dentro dos alfoures dos burros, ás fazendas onde os maridos andavam a cultivar as propriedades.
Ingredientes:
Preparação: Cozem-se as carnes de porco e de vaca juntamente com a cabeça nabo e um pouco de cebola cortada ás meias luas, em água temperada com um caldo de carne. Quando estiveram quase cozidas retiram-se as carnes e adicionam-se ao caldo as batatas, cenouras, e depois de levantar fervura adicionam-se as folhas de couve.
Serve-se a carne cortada aos pedaços na travessa com batata, cenoura e couves cozidas. Sugere-se que acompanhe com broa de milho ou pão caseiro da freguesia de Serro Ventoso, cozido em forno de lenha pela padaria do lugar da Bezerra/Serro Ventoso/Porto de Mós!
Bom apetite!